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Brasil não assina compromisso em defesa da saúde feminina



No dia oito de março, dia internacional da mulher, mais de 60 países assinaram um documento que concorda com alguns compromissos relacionados à saúde feminina. Junto com outros países considerados ultraconservadores, como Polônia, Arábia Saudita e China, o Brasil entrou na lista dos que não assinaram o documento.

Essa decisão é considerada um retrocesso, uma vez que a luta pela igualdade encontra uma barreira no próprio país. A saúde feminina sempre foi uma problemática na sociedade, mas com a pandemia os dados tendem a ser ainda mais preocupantes. Isso acontece porque, por exemplo, cerca de 85% dos profissionais de enfermagem no país são mulheres. Além do número alarmante, que coloca as mulheres como principais integrantes da linha de frente, muitas ainda precisam lidar com as jornadas duplas e triplas de trabalho, cuidando também dos afazeres domésticos, sem o apoio adequado dos seus pares.

De acordo com informações apuradas pelo jornalista Jamil Chade, colunista do UOL, o Itamaraty justificou o posicionamento do governo federal dizendo que encontrou ambiguidades no documento. "O governo brasileiro salienta a importância do reconhecimento, na declaração, de pautas salutares em defesa da mulher, em especial por ocasião da referida data, como o reconhecimento do trabalho não remunerado e a necessidade de se combater a violência contra a mulher, em especial no período pandêmico. Entretanto, não apoia referências a termos e expressões ambíguas, tais como direitos sexuais e reprodutivos", apontou a entidade através de uma nota oficial.

Os próprios dados do Ministério da Família, Mulheres e Direitos Humanos, apontam que a violência contra a mulher cresceu cerca de 40% em abril de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano anterior. Além dos problemas apresentados anteriormente, os dados com relação à violência também indicam que a saúde da mulher precisa ser trabalhada de forma concreta, tratando de assuntos que devem buscar a solução para esse tipo de problema.

A nota apresentou um posicionamento que vai em uma direção contrária à realidade brasileira. Os termos citados pelo Itamaraty se sobrepõem aos dados alarmantes sobre a saúde da mulher no país. Além disso, uma preocupação internacional é com relação aos direitos das mulheres que são desconsiderados em muitos casos, principalmente com relação à saúde e igualdade de gênero. Todos os países que assinaram o documento entendem que os esforços já foram significativos, inclusive graças aos movimentos feministas, mas a luta ainda deve ser desafiadora. Luta esta que o governo brasileiro decidiu não fazer parte.

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